Referências Pessoais - Apolíneo e Dionisíaco
Na última aula (07/01), foram abordados os conceitos de apolíneo e dionisíaco, diferentes formas de caracterizar algo, sendo o primeiro aquilo que remete à razão, à medida e à clareza, e o segundo, aquilo que remete à emoção, ao caos e ao descontrole.
Tendo por base esses conceitos, pude identificar em minhas referências certos contrastes entre o que tende mais ao apolíneo e o que tende mais ao dionisíaco.
BALLET - O LAGO DOS CISNES
O aclamado clássico do ballet, conhecido na cultura popular contemporânea através do filme Cisne Negro, apresenta em si um contraponto entre duas personalidades, a de Odete, doce, inocente e delicada (o apolíneo) e de Odille, dissimulada, sedutora e vil (o dionisíaco). Esse contraste entre as duas personalidades é explicitado tanto nas coreografias e expressões quanto no andamento e na instrumentação das músicas de cada ato.
No segundo ato do ballet, conhecido como o Ato Branco (por ser o ato em que aparecem os cisnes brancos), o momento em que o príncipe conhece Odete, uma jovem que foi transformada em cisne por um feiticeiro, e se apaixona por ela, a maioria das músicas tem um andamento mais lento e calmo, criando uma atmosfera romântica e quase onírica. Já no terceiro ato, em que o feiticeiro engana o príncipe enfeitiçando sua filha Odille para que se pareça com Odete com a intenção de torná-la princesa e roubar o trono, as músicas são mais festivas e explosivas.
Quanto à coreografia e às expressões, Odete executa movimentos mais delicados e lentos, mostrando sua delicadeza e, em certos momentos, sua insegurança e medo com relação ao príncipe, trazendo à tona sua racionalidade apesar de sua paixão pelo príncipe. Odille, por sua vez, traz expressões de dissimulação, com olhares e sorrisos maliciosos para a plateia e expressões apaixonadas para o príncipe. Quanto à coreografia, tem-se em diversos momentos posições de braços e passos que imitam os de Odete, mas com uma outra intenção, seus movimentos são mais bruscos e violentos, sendo quase uma desconstrução da delicadeza de sua rival.
BALLET X CONTEMPORÂNEO
Para além do universo do ballet clássico, o contraste entre o controle e a liberdade é visto ao se tratar das diferenças entre o clássico e o contemporâneo. Para isso, vamos tratar do mesmo ballet, O Lago dos Cisnes, todavia, comparando a versão clássica de Marius Petipa e sua versão contemporânea reinventada por Matthew Bourne.
Nessa primeira versão, vemos a execução da coreografia de Marius Petipa pelo Royal Ballet. Mesmo para aqueles que não tem um profundo conhecimento da técnica do ballet e do contemporâneo, é possível ver que os movimentos são todos executados respeitando a contagem da música. Além disso, todos os passos são bem "quadrados", ou seja, seguem uma técnica que determinou que existem determinadas posições, havendo pouca variação ou liberdade para mudanças.
Já no segundo vídeo, temos a adaptação de Matthew Bourne do clássico O Lago dos Cisnes. Enquanto um ballet contemporâneo, é possível afirmar que a montagem de Bourne é ainda um pouco ligada à técnica clássica e que há um certo respeito pela exatidão e precisão. Entretanto, ao comparar essa versão com a primeira, é perceptível que há uma distinção clara entre ambos, sendo a coreografia de Bourne mais solta, com movimentos mais livres e fluidos, sem muitas pausas em determinadas posições ou passagens nítidas e precisas, enquanto a obra clássica possui posições marcadas e passagens bem determinadas.
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